O SUICIDA
Loucos surtam
soltos
de suas camisas de força.
Na loucura
tudo é reversível.
Túrgido de aromas
o vinho
sem detença.
Fio de fel, eixo de lembranças.
Solidão é pássaro
estatelado no vidro da janela.
Flores no jardim abaixo
confidenciam:
incompetência no voo.
A rosa vermelha
de pescoço longo
olha pra cima e acompanha
o mergulho do suicida.
Na calçada
o corpo geme
desnudo de esperanças.
O dia arruma a cabeleira do sol.
– Do livro BULA DE REMÉDIO, 2004/2009.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/1652087