Anjo caído
O martelo
castiga as paredes do sino
e os meus ouvidos
cansados revelam:
o tempo fugiu
já não é noite
é meia-noite
caminho em degraus infinitos
de espiralados fractais.
os meus sapatos de cristal
fugiram como raios
são os faiscantes olhos verdes
nos totens dos cupins.
o vestido de baile
dança ao vento
em trapos diáfanos.
nos gomos inúteis
da abóbora temporã
jaz a minha carruagem
carcomida por vorazes ratos
outrora meus Pegasus.
vago em bruma densa
descalça
não careço de sapatos
ou de pés
sou anjo.