INCÓGNITA.
Deve-se falar agora tudo que se tem para dizer,
Não deixar pra depois, pode o amanhã não acontecer,
Se não se diz agora, e num sopro tudo desaparecer!
Então, deve-se dar a conhecer, agora:
Das flores e das noites de insônias;
Dos tormentos e alegrias;
Das águas que se formaram dos choros;
Das caricias adultas e sobre o rizo das crianças
Das perdas e dos amores;
Das brisas e do sol que aquece as gentes;
Do santo e do que não é sagrado;
Das ondas do mar e tormentas no ar;
Do hálito quente sobre a nudez da paixão
Dos esquecimentos e das lembranças;
Do hoje e do porvir;
Do arar e da colheita;
Daquilo que vai no coração;
Fazer conhecido o agridoce de todo viver, antes que todos os verbos se consolidem numa incógnita, eternizando o silêncio, pondo fim, e, definindo ao cabo a amplitude do Morrer!