Kouros

Segregação do meu corpo que vai,

Em meio ao entulhpo de transeuntes,

Único, disforme, se destacando,

Por ser um micro, mínimo universo.

Unificação, mais que corpo, um símbolo,

Minhas roupas, meus gestos,

Tudo código, tudo convite,

Para me identificar na multidão.

Continuidade da leitura que fazem,

De mim ou de qualquer elemento,

Faz ou não sentido, mas não importa:

Algumas cores são belas, outras não.

Proximidade que me soma à massa,

Me identificando alfa-numericamente,

Me faz carta de baralho comum,

Curinga, rei, louco, hierofante.

Semelhança que me identifica em você,

E em você e em todos os outros,

Quando vejo o outro, vejo perguntas.

E é isso que me insere no conjunto formal.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 29/05/2006
Código do texto: T165137