FAGULHA O DESDÉM
Faz tanto tempo
não me sussurrava o silêncio.
Esquecera sua voz.
O poema sem sono
despido, bate à porta.
É líquido o prisma dos olhos.
Rutilam solidão, esmeraldas e rubis.
Geme em silêncio
a desesperada voz dos aflitos.
O violão sola o canto de mágoa.
Voeja no anjo a emoção
de asa quebrada.
E nos telhados,
gato soturno,
o amor fagulha o desdém.
– Do livro BULA DE REMÉDIO. Porto Alegre: Caravela, 2011, p. 55.
http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/1650838