O Visitante Inesperado
O Visitante Inesperado
"Eu te peço perdão por te amar de repente..."
(Vinicius de Moraes)
No breu da noite régia
Enquanto estrelas acendiam nos lábios
E a negritude tomava conta da Grândola
Uma sombra se fez luz na escuridão,
Com formas incautas e serenas
Como névoa fina em tempestade
Na Vila Morena, onde notívagos reinavam,
Em sua plena solidão e mistério
Surgiu inesperado um visitante
Que aos olhos do lobo fez-se curioso.
E as areias do sono desfizeram-se das pálpebras
Com a melodia que emanava da voz inconcebida
de presensa imediata e ternura,
Envolvia-se nos braços o manto de Morpheus...
E das trevas fez-se suspiro
E do sussurro fez-se orquestra
de roncos e relógios operados pelo tempo.
- Apenas o homem e o lobo se entreolhavam -
E das pupilas fez-se vulto
E da noite fez-se madrugada
E de repente, não mais que de repente,
Abraçada, fez-se aurora.