O Visitante Inesperado

O Visitante Inesperado

"Eu te peço perdão por te amar de repente..."

(Vinicius de Moraes)

No breu da noite régia

Enquanto estrelas acendiam nos lábios

E a negritude tomava conta da Grândola

Uma sombra se fez luz na escuridão,

Com formas incautas e serenas

Como névoa fina em tempestade

Na Vila Morena, onde notívagos reinavam,

Em sua plena solidão e mistério

Surgiu inesperado um visitante

Que aos olhos do lobo fez-se curioso.

E as areias do sono desfizeram-se das pálpebras

Com a melodia que emanava da voz inconcebida

de presensa imediata e ternura,

Envolvia-se nos braços o manto de Morpheus...

E das trevas fez-se suspiro

E do sussurro fez-se orquestra

de roncos e relógios operados pelo tempo.

- Apenas o homem e o lobo se entreolhavam -

E das pupilas fez-se vulto

E da noite fez-se madrugada

E de repente, não mais que de repente,

Abraçada, fez-se aurora.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 15/06/2009
Reeditado em 16/06/2009
Código do texto: T1650158