TESTAMENTO
Eu já tropecei em sonhos
Já caí e levantei muitas vezes
Eu já escrevi cordéis
Fiz músicas mudas
Eu já fui santo um dia
E até menestrel de bordeis
Rezei missas minhas
Orei pra Deus na cama
Eu já fui a mão que bate
E a mão que ama
Eu já pintei a vida em quadros na areia
Fiz castelos que ruíram
E outros que se eternizaram
Já queimei em desejos
E feito criança... No natal
Eu também pendurei minha meia
Fui quase nada que queria ter sido
E depois de tantas ilusões
Sobrou à bênção de descobrir jamais ter crescido
Agora sou perfume solto ao vento
Detalhes esculpidos no tempo
Amei a vida a minha maneira
E mesmo que eterno eu seja
Minha estória agora virou livro de cabeceira!