Cascas de Vidro
Lutei vorazmente em busca da compreensão;
Cravei a espada do silêncio em busca do amor;
Para no fim saber que amei em vão...
Quão profundo e agonizante torpor.
Mas sofri, não pelo descaso recebido;
Sofri pelos seus olhos cravados nos meus.
Sofri por você não ter percebido,
Minhas lágrimas de medo inibido.
O mago Tempo fez da tristeza o rancor;
E as feridas se tornaram cascas de vidro,
Por mais que tentasse me causar a dor,
Só contaria com o mais profundo ódio ferido.
E todo aquele amor que por ti devotei;
Escondeu-se no mais escuro calabouço.
Escondeu-se e por fim me libertei,
Do verdadeiro Eu que estivera em repouso.
E foi então que vivi, e a neblina esvaiu;
E foi então que sorri, e conheci novas almas.
A necessidade de ti então partiu
Fui salvo por vozes perenes e calmas.
Eis que sua presença não era meu ópio;
Ainda que me achasse preso a você.
Percebi que me cegara com híbrido óleo;
Mas enfim conheci quem me fizesse viver.