A FUGA


Onde, nos descaminhos, há sombras soluçantes,
O poema clareia uma estrada louca:
Versos e palavras, velozes e cantantes,
Beijam no escuro da Fantasia as nossas bocas
E nos tateiam de desejos pulsantes.
O poeta não caminha sem saída
Por esta rua de impossibilidades,
Porque o  poema já muito é vida
De esperar que se tornem verdades
Os sonhos de longa noite indormida.
E assim, que os pés sangrem na caminhada,
Vou contigo pelo deserto da solidão,
Só de hoje, na partida, pois, desenterrada,
A fúria do teu desejo, a grande multidão
De ti, me será companheira de jornada.



Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 12/06/2009
Reeditado em 31/05/2010
Código do texto: T1645346
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