ALTER EGO

Sempre há um tempo

( um momento congelado entre tantos )

para se riscar na poeira acumulada dos silêncios

( como quem o traça em fluidos golpes de esgrima )

o caracter antigo e de simplicidade inexcedível

( de outra forma destoaria )

com que nos assinamos realmente.

( embora a areia mostre outros passos ensaiados ).

Sempre há um tempo

( o suspense dolorido entre duas batidas de coração )

em que a distância é como uma estrada ao longe

( onde nos vemos passar acenando gestos de adeus )

por onde desfilam os vultos de todos os outros

( demoramos a ver que não somos apenas nós )

olhando-nos num gesto de soslaio apressado

( repletos dessa mesma inveja que sentimos )

que só nos avalia a serenidade exterior

(ah ! como é doce a tranqüilidade dos outros )

enquanto rumam a lugares onde não queremos ir.

( embora assolados por vagas de desejos ).

Sempre há um tempo !

( embora ás vezes falte tanto...)

Henrique Mendes
Enviado por Henrique Mendes em 10/06/2009
Reeditado em 11/06/2009
Código do texto: T1641774
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