ALTER EGO
Sempre há um tempo
( um momento congelado entre tantos )
para se riscar na poeira acumulada dos silêncios
( como quem o traça em fluidos golpes de esgrima )
o caracter antigo e de simplicidade inexcedível
( de outra forma destoaria )
com que nos assinamos realmente.
( embora a areia mostre outros passos ensaiados ).
Sempre há um tempo
( o suspense dolorido entre duas batidas de coração )
em que a distância é como uma estrada ao longe
( onde nos vemos passar acenando gestos de adeus )
por onde desfilam os vultos de todos os outros
( demoramos a ver que não somos apenas nós )
olhando-nos num gesto de soslaio apressado
( repletos dessa mesma inveja que sentimos )
que só nos avalia a serenidade exterior
(ah ! como é doce a tranqüilidade dos outros )
enquanto rumam a lugares onde não queremos ir.
( embora assolados por vagas de desejos ).
Sempre há um tempo !
( embora ás vezes falte tanto...)