Juizo final de cada dia
Caravelas espanholas envoltas na mais alta nuvem sem cor do céu abstrato
Na cidade dos sonhos, ninguém mais poderia sonhar. Foi o que disseram
As caravelas cairam no chão e num abismo sem precedentes descansaram
Foi feita noite, simples de solidão
O carrasco encapusado
O dêmonio espurgado
A guilhotina apontando pro pescoço
E os anjos com asas de fogo
Caravelas espanholas para um inferno americano,
dentro de cada um de nós o sonho está morto
Se é só o sangue que salva, a saliva também é santa
e num inferno positivista as crianças se divertem
Deus também é Deus
Pode ser num anúncio de jornal
Pode ser na cabeceira da cama
Pode ser num livro de magia negra
Pode ser nas asas de um avião,
você encontrará a salvação
Aconteceu outra vez, as caravelas espanholas subiram até o céu abstrato
Não foi dificil de notar, já que luminosos canhões de luz se elevaram também
Quem chorou naquele instante, foi porque sentiu a profundeza destas palavras
Os pássaros dançando triste no céu,
A lua lamentava a solidão,
Triste no céu, envolta no frio,
E a noite silenciosa avançou,
Pelas nuvens, o inferno se fez perto do céu
Caravelas espanholas num quadro cubista,
Como um louco gritando num teatro vazio,
Encenando a peça da tristeza, um gênio ofuscado,
Sentinela de um sonho frustrado, fiel a seus atos,
Ao cruzar o deserto não sente sede, apenas frio
Você também é Você
Pode ser na lápide fria,
Pode ser numa esquina,
Pode ser na explosão atômica,
Pode ser no eclipse eterno,
você encontrará salvação