A MULHER E O PÁSSARO

Em teu leito de amor,
repousas, oh linda mulher,
“Maja desnuda”,
por Goya imortalizada,
com belos seios, mudas,
o teu aspecto angelical.
Todos, de desejos deliram,
quando te vêem ao natural.
Deitada neste leito,
com todo este jeito,
tão imponente, consentes,
que a ti declamem as poesias,
mais belas, e consentidas,
as quais já foram escritas,
e tantas vezes reescritas,
pela nobre pena da vida.
Sois a personificação,
do próprio poema,
como a brisa mais amena,
que balança teu coração.
Cantada em verso e prosa,
 retine em tua pessoa.
Nos delírios de meu ser,
ainda agora ecoa,
tua maviosa voz,
delicada e jovial,
que mantém a todos nós
entorpecidos de prazer.
Tantas noites,esperei ansioso,
tentei contato, implorei,
fiquei nervoso,
palavras ásperas, pronunciei,
e, nem mesmo assim,
atendestes a mim.
Agora sou apenas uma sombra,
do teu melhor pecado,
porém, daria tudo,
para ficar a teu lado,
somente para te olhar
oh, celestial e divina dama,
entre os lençóis,
desfeitos, de tua cama,
numa noite,
de volúpia ardente,
sob o olhar do pássaro,
tão alheio e complacente.
Como um anjo,
dormes docemente,
dilacerando meu incipiente
e pueril viver...
Não posso mais aceitar,
nem posso crer,
na tua maneira de amar.
E tudo um engano.
Foi para mim,
mais do que tirano,
derrotando assim,
todo meu senso de moral.
Mas te perdoou, não faz mal,
Aanda sou o teu escravo,
estou preso a ti,
e não fico bravo,
Muito antes,
sou feliz em minha agonia,
porque já fui amado um dia,
quando te entreguei,
sem hesitar, meu coração
e que, apesar de tudo,
ainda te ama com paixão.

Marco Orsi