(foto: DOURO!)


INSTINTO


Colhi,
fome a fruto,
beijo a bago,
o sabor paciente das uvas,
dedilhadas,
tomadas, tornadas
pílulas de descoberta vermelha,
de intensa avidez roubada...
Deixei sumos pelo caminho,
indícios de gula quente,
ardente, derramada
em taças de olhos crentes.
Vieram predadores...
Ao cheiro da vida rubra,
sitiaram-me o caminho,
vedaram-me a saída...
caí no Destino...
Vagueio agora,
de dedos tinjidos a vinho
que se fez vinagre.
Do licor dos sentidos,
só não perdi a sede,
a busca, o instinto...
...de reaprender o caminho
do verde das vinhas
ao cálice de porto tinto...




(Fórum - Poesia "on-line" - mote "REAPRENDER A SONHAR", de 04/06/2009)