O olhar extenso na via...

O olhar extenso na via

Janelas cerradas a tijolos

Com pressa, aquilo que se fecha

Corpos lacerados em ir e vir

Quem eu partilho

Parte sobre os trilhos

Escada para o olhar de fora

Afagos que se despedem

Na fria manhã de agosto

Ah! trilha que se passa infinita

Relendo ávidos clássicos

Serras de vales vindouros

Outonos de invernos que somem

Tantos tijolos para não entrar

Falas vazadas feito quasar

Fundo escuro, massa & luz

Ávidos contextos, novas cantilenas

Saudades que embrumam

Noites de outra solidão

O olhar extenso na via

Números concretos, telefones

Emparedados pela miséria, os trilhos

Se vagam com tudo o que cresce

De repente a noite, algo on line

Embrulhos que empunham, caras

Um chamado, camas abertas

E esse uivo me rasga a garganta

Versos passados na rede

Ilha de fartas areias

Você nua atravessa uma avenida em São Paulo

Garoa batendo na janela

Um velho junkie prostado na praça

Túneis de acesso para outros trilhos

Amores vagando além-mar

Afagos cá de minha Ilha, tão amada

O seio na mão arde,

O meu prazer inebria

O quanto o seu corpo me encanta,

Rolados em parcos panos

Transbordamos infinitos gozos

Sem olhar a cara do mundo

E seus trilhos vagos e sombrios

Malandros vagados, vagões sem Luz

Olhamos o bom da vida

Deixando os reclamos para o dia seguinte

Tome a Lua por companheira

Estrelas contadas por aí

Alguém encostado naquele banco

Arfando o frio da noite inteira

Sim, é manhã de novo

E o dia reclama a nossa vida

Mais um número passando no ar.

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 11/05/2005
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