Câncer

O papel me cobra

algum verso, alguma prosa.

Mas a tinta está seca

e a alma acabou.

Queria exercer alguma poesia,

fingir qualquer fantasia,

mas sempre ouço a Senhoria

cobrar-me o tempo de moradia.

Não há refúgio,

sofisma ou subterfúgio

que afaste esse terror insano

que escondo embaixo do pano.

O que passou vai passando.

O resto, vou levando.