Corpo e mente de Teles Cândido 764

Minha cabeça está dentro da gaiola

E meus olhos vendados, fechados para o transcendental

E minha boca de dentes afiados, pontudos, rasgantes que dilaceram a carne

E os ouvidos lacrados para o infinito

Não sabem da sinusite, do olfato inútil

Completando e corroendo os meus sentidos

Que compõem essa minha cara de pau

E expõem esse áspero inverno prometido.

Minha cabeça está dentro da gaiola

Eu vejo um papel cair no chão do ônibus

É o jogo de luzes. Será ilusão?

Eu desenho um símbolo que juro desconhecer

É o dia mais normal e mais estranho de minha vida

Nada se compara; nada se equipara; nada remedeia.

Minha cabeça está dentro da gaiola

Meus pés inchados, estacionados na garagem

Minhas mãos e meus dedos já calejados estão no varal

E meu corpo já todo tomado

Ocupado ocupa o quintal

E o calabouço onde se encontra meu tronco

É a jaula onde vive o leão.

Rafael Rossi
Enviado por Rafael Rossi em 05/06/2009
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