EU SOU O FEIJÃO

Sou uma simples semente

de origem caipira e pobre.

Dou-me bem em terras magras

sem me preocupar com o esterco.

Sou semeado em qualquer canto

até onde a própria vista alcança.

Em terras lavadas dos espigões

sou semeado em alqueires

pelos grandes fazendeiros...

Em pequenos roçados

pelos sitiantes... em fundo de

quintais, em lotes abandonados.

Sou de cova rasa feita de canto

da enxada ou de enxadãozinho.

Sou contado grão por grão que

cai na terra molhada, de três

a quatro por cova.

Sou tampado com terra macia

onde o lavrador fica preocupado

com o terrão em cima de mim.

Nasço ajoelhado, de cabeça

enclinada para baixo

agradecendo ao meu Criador.

Sou uma plantinha de estatura

baixa, com folhas bem verdinhas

em minha infância e na velhice

fico com a cor da terra.

Na colheita me malham com

varas verdes de ponta fina que

envergam com o duro golpe do

braço forte do homem onde

voam longe as bages, me esparramando

em milhões de grãos.

Sou transportado para os mercados do mundo inteiro.

Sou a comida do pobre e do rico.

Sou a vitamina do anêmico.

Sou o muque dos que enfrentam

o duro eito da exaustão do sol quente...

dos que trazem as mãos calejadas

pelo cabo do guatambu e até mesmo

dos que derramam o suor em cima de mim.

Não sou considerado o maná da vida e nem sou

tão importante como o arroz e muito menos

como o trigo que é o pão universal de todos

os dias, mas sou a comida mais barata do

pobre...Sou apenas uma simples e humilde

semente, sou o feijão.

Autor: Samuel Moscospki

AEAL
Enviado por AEAL em 05/06/2009
Código do texto: T1633502