Por quê?
Por quê choras agora, se permiti que seus braços
Num enlaço sentisse os meus
Sem começo e sem fim?
Se na minha vida sorrateiramente entraste
Sem pedir licença...
Entreguei-lhe o que tinha e o que desconhecia
O meu nada e o meu tudo
Por quê?
A tua fala não se prende ao meu olhar
Amarrando-me um nó na alma
As tuas mãos se reforçam entre si
Desprezando as minhas?
Culpa do destino,
Que antes me dera o mimo
Banindo a tristeza
Trazendo alegria
Restaurando-me a vida?
Cabe a ele tamanha crueldade
Ou a tua falta de coragem
De assumir que o nunca pode ser breve
Que a eternidade não é assim tão distante?
Cabe ao tempo
Ter se encarregado
Do presente se fazer passado e,
Nada ter restado?
O teu pranto agora
Implora a minha volta
No entanto, já provei dessas lágrimas
Ainda que não tivesse ido
No teu amor dividido...
Guarda teu lamento
Perdeu-se no tempo
Em que por ele esperei...