Eis aqui um vivo.
Quando nasci
Tudo normal
Filho de gente de verdade
Que veio tentar a vida no Rio
Era Carnaval
Papai bêbado
Minha mãe parindo
Meus irmãos lá
Não era bem vindo
Mais uma boca
Mas cheguei
Pra mim
Nenhuma adversidade
Tudo Normal
Fui crescendo
A vila sempre lotada de criança
Projectos de todos os tipos
A criança é sempre um projétio
A escola não era nada
Diziam que a vida era sem diversão
Eu não acreditava
Minhas pipas
bolas de gude
Pé no chão
Davam sentido a vida
Papai de bêbado à evangélico
Tudo normal
Zona oeste do Rio
Não poderia ser diferente
O pobre se segura onde pode
Namorei
Noivei
Ainda bem que isso passou
Seria eu hoje algo que não poderia ser
Peguei um ónibus
Me levou para um lugar
Um lugar novo
Achei o ovo azul e quebrei
Subi no alto e vi do alto
Desci
Já era outro
Mãe to indo
Não vai dar pra ser igual
Papai ficou olhando
Medo?
Todos nós temos medo
Medo pai
Medo mãe
Nada tinha nada pra perder
A vida
Essa ai ta perdida
Desde que nascemos
Na vida
O mocinho sempre morre no final
Universidade cheguei
Sou artista
Distância/abismos
Veio o casamento
Casei
Gente linda
Continuo vivo
Será?
Tento me segurar na anarquia
Não quero ser igual
Não vou ser
Difícil
Essa é minha vida
Por meu avô
Sigo com coragem
Tenho medo
Mas sigo sempre
Sempre