DOCE INUTILIDADE
uma mulher a dormir como quem espera uma sombra,
passou um sol, e mais outro sol,
e ela a dormir
[mansa]
qual uma mulher que jamais sentiu sombra
caiu menina,
com pouca vontade de querer amar,
e ainda a dormir está,
[mansa]
sem que nenhum homem viesse a ver em sono,
sem nunca ter sido tocada pela sombra
passou um sol, e mais outro sol,
tudo passou,
e ela ainda dorme,
[mansa]
sem sequer ter tido alguém que deitasse ao seu lado
dormiu até a morte à espera de uma sombra:
não perdera absolutamente nada!