Púrpuras tardes
No silêncio turvo e gélido,
espelhos e sorrateiros passos melódicos,
fundem-se em enigmática noite.
Serenata indesejada à janela,
assobios de ventos são augúrios
a arrepiar a epiderme da madrugada.
Com gotas de claridade,
vaga-lumes,
sintagmas-luzes,
ponteiam o manto negro
do cio da escuridão.
E surgem
murmúrios de brisa
a balançar o escuro véu,
soprando vida,
despedaçando a solidão,
em tímidos veios de cor.
O dia avança,
com a liberdade de um condor,
sabendo que outra vez morrerá.
Púrpuras tardes,
prelúdios e presságios,
que outros passos e espelhos
urdirão de mistérios
outras noites sem estrelas...