Nada a fazer, nada a dizer
Singrando estas águas
Marejar de urbanas ondas.
Minha inutilidade espera
O prenúncio da ave futuro.
Meus ouvidos atentos
Ao rugir dos telefones
Feras traiçoeiras...
Espicho o corpo em uma esteira
Tenho preguiça de viver.
E aquela dor de estômago
Que jamais preocupou
Reclama um médico em trajes brancos
Velho sacerdote grego...
Quem me dera uma pitonisa
Cínica e debochada
Mapa de todas aventuras!
Nada a criar quando mordemos
O canto insuspeito dos lábios
Que nos roça a face em um beijo.
Vou escrever uma carta sem palavras
Três letras somente
Para definir meu SOS.
Sem plural
Sem singular
Sou um pedaço do todo nada
No nada deste mar.