NO DIA QUE EU FOR EMBORA
NALDOVELHO
No dia que eu for embora
não quero ver em seus olhos
a dor que eu pressinto em você.
No dia que eu for embora
quero luz de lua exibida,
cheia de graça e enxerida,
música ardida e profana,
violões impunemente na praça
e poetas, muitos poetas,
a dizer do amor que eu tenho
e do qual nunca abri mão.
No dia que eu for embora
quero primavera de versos
e que sejam viscerais e confessos,
pois só assim terá valido a pena
ter desafiado a peçonha
dessa inquietude urgente,
terrível e armada serpente,
da danada da inspiração!
No dia que eu for embora
quero madrugada molhada,
uma saidera sem pressa,
um brinde ao sol que não tarda
e as minhas malas repletas
de muitas e necessárias sementes,
para que eu possa cultivar nos distantes
as coisas que por aqui aprendi.
No dia que eu for embora
quero um sapato novo e macio,
camisa e calça de linho,
algum dinheiro no bolso
e um beijo de despedida
daquela que causou tantas feridas
e que fez nascer o poeta
que acredita no amor
que existe dentro de nós.
E que sejam assim mantidos
os laços, escolhas, promessas,
pois o amanhã é coisa incerta
e ainda que tudo isto nos doa,
é preciso continuar com o caminho,
mesmo que não saibamos,
se um dia vamos chegar a algum lugar.
NALDOVELHO
No dia que eu for embora
não quero ver em seus olhos
a dor que eu pressinto em você.
No dia que eu for embora
quero luz de lua exibida,
cheia de graça e enxerida,
música ardida e profana,
violões impunemente na praça
e poetas, muitos poetas,
a dizer do amor que eu tenho
e do qual nunca abri mão.
No dia que eu for embora
quero primavera de versos
e que sejam viscerais e confessos,
pois só assim terá valido a pena
ter desafiado a peçonha
dessa inquietude urgente,
terrível e armada serpente,
da danada da inspiração!
No dia que eu for embora
quero madrugada molhada,
uma saidera sem pressa,
um brinde ao sol que não tarda
e as minhas malas repletas
de muitas e necessárias sementes,
para que eu possa cultivar nos distantes
as coisas que por aqui aprendi.
No dia que eu for embora
quero um sapato novo e macio,
camisa e calça de linho,
algum dinheiro no bolso
e um beijo de despedida
daquela que causou tantas feridas
e que fez nascer o poeta
que acredita no amor
que existe dentro de nós.
E que sejam assim mantidos
os laços, escolhas, promessas,
pois o amanhã é coisa incerta
e ainda que tudo isto nos doa,
é preciso continuar com o caminho,
mesmo que não saibamos,
se um dia vamos chegar a algum lugar.