SONETO DA FONTE
queres-me amante, sem esquecimento
para que possas lembrar-me sem culpa
a cada movimento, do gesto ao intento
de, em par, envelhecermos como dupla
e, ao teu lado, sem quebrar tanto invento
dado pelo Superior, de graça, na permuta
conhecemos tanta saliva em envolvimento
e felicidade dos dentes, um riso que ocupa
barrigas, frios, emoções sem nenhuma luta
ao ficar sem peso quando juntos, bem junto
como quando justificávamos a boa desculpa
de querer-me amante, sem esquecimento
de amar-te escandaloso, quase em procura
do corpo dado à alma em rejuvenescimento.