INICIAÇÂO

És tu mulher, a guardiã desse portal invisível,

aquele que há tanto tempo procuro nos cantos,

nas ruelas, nas travessas e alamedas, sem mesmo

refletir sobre o cansaço dos meus verbos,

a deusa metamórfica do sentido latente.

Sem ter a permissão, invado o átrio e peco

contra a tua intimidade, a vasculhar além

dos teus segredos, nas dobras paralelas.

A ousadia é armadilha; o espelho de Hércules

aponta para a Medusa vencida, a conclusão das formas

o poema a exasperar a instável perfeição,

segues correta, enquanto o ávido, inábil ser que sou,

escapa pelas linhas pontuadas, de todos os sentidos do teu ser.