TIRA O DEDO DA FERIDA
NALDOVELHO
Tira o dedo da ferida,
tira as lascas de unha
das minhas costas cravadas,
pois toda a vez que você chama,
doem e inflamam.
Tira os espinhos da roseira,
que vieram com a flor primeira,
eles arranham e sangram!
Tira o esqueleto do armário,
o amuleto do pescoço
e aquele retrato amarelado
da cabeceira da cama.
Tira as carpideiras da sala,
de chorar já tão cansadas,
por conta de tantas partidas.
Aproveita, apaga o meu nome
da pedra fria e empoeirada
por tanta espera, desiludida.
Tira o vestido preto
e o solidéu circunspeto
que você costuma usar.
Tira?
Tira as farpas que por tanto tempo,
sem nenhum constrangimento,
você lançou sobre mim.
Tira o trinco da janela,
chama o sol pra bem perto,
arruma de vez sua cama
e sorria que a vida se assanha,
você nem vai acreditar!
NALDOVELHO
Tira o dedo da ferida,
tira as lascas de unha
das minhas costas cravadas,
pois toda a vez que você chama,
doem e inflamam.
Tira os espinhos da roseira,
que vieram com a flor primeira,
eles arranham e sangram!
Tira o esqueleto do armário,
o amuleto do pescoço
e aquele retrato amarelado
da cabeceira da cama.
Tira as carpideiras da sala,
de chorar já tão cansadas,
por conta de tantas partidas.
Aproveita, apaga o meu nome
da pedra fria e empoeirada
por tanta espera, desiludida.
Tira o vestido preto
e o solidéu circunspeto
que você costuma usar.
Tira?
Tira as farpas que por tanto tempo,
sem nenhum constrangimento,
você lançou sobre mim.
Tira o trinco da janela,
chama o sol pra bem perto,
arruma de vez sua cama
e sorria que a vida se assanha,
você nem vai acreditar!