Travessia de mãos dadas

Era o ano 2005,

Quando entrou em minha vida de mansinho

A pessoa mais especial que poderia surgir

Para acompanhar-me na difícil travessia

Da ponte que liga a coragem à verdade.

Vivemos intensamente nossa história única.

Eu a amei muito e, sim, ela me amou,

E desejei que fosse a última da minha vida.

Com ela aprendi, entendi, senti,

Vi com outros olhos, olhos de menino,

Vivi o mundo ainda não experimentado.

Carinhosa e solícita, ela me ajudou

Nos preparativos da viagem,

Acompanhou-me em tudo e onde pôde,

Porque ficaríamos muito tempo distantes.

E ainda, depois, na minha ausência,

Cuidou da minha casa e das correspondências.

Como sou-lhe grato por tanto apoio!

Não me deixou até o último instante,

Como sempre fez. Não! Nunca me deixou...

No aeroporto, mescla de dor e apreensão.

O contato continuou e a vida seguiu seu rumo

Direção jamais imaginada, nunca quista,

Destino traçado, lançado inevitavelmente.

A dor da saudade e deparar-me com o novo

Confundiam a cabeça, nublavam o coração.

Mas ela me apoiou...

Percebendo o seu sofrimento por motivo equivocado

Decidi esclarecer a dolorosa realidade.

E ela me apoiou...

Chorou escondido, sofreu em segredo

Mas não temeu perder em nome do amor.

E assim me apoiou...

Imagino quantos dias incertos, dolorosos,

Sem ter com quem conversar, desabafar.

E ainda me apoiou...

Surpreendeu-me com tamanha maturidade,

Infinita benevolência e inimaginável compreensão

E com isso apoiou...

Ela disse que preferia a minha felicidade

Do que um amor egoísta e infeliz.

E continuou me apoiando...

Até que ganhei de presente no aniversário de 2006,

Uma amiga no lugar da namorada.

Que me daria todo apoio...

Foi o dia mais triste que vivi na Espanha,

A obrigatória decisão de um caminho sem volta

Nenhuma alternativa de regresso me havia.

Era seguir adiante, enfrentando a tudo, a todos

E principalmente a mim mesmo.

Devido ao seu lindo e incondicional apoio,

Meu sofrimento foi deveras minimizado

E por isso e por tudo, jamais conseguirei

Saldar-lhe meu débito de eterna gratidão.

Amou-me quando precisei de amor,

Acariciou-me quando precisei de carinho,

Repreendeu-me quando mais mereci,

E libertou-me no momento oportuno.

Por mais que me empenhei para fazê-la feliz

Ela sofreu por amar-me.

Ela assim preferiu a minha felicidade

Ao custo da sua, em nome do amor.

Quando compus meu primeiro poema – “Seu sol”,

Dediquei-lhe com o intuito de confortá-la,

De retribuir todo o apoio, de dissipar a sua dor.

Ela respondeu-me com outro: “Meu eterno sol”.

Como hoje o sentimento é outro, mais belo,

Seus versos são dignos de serem eternizados:

“Eu te amei sim, com todo amor

que meu coração poderia te oferecer

e se duvidar até mais!

Eu amei eternamente,

sofri,

chorei,

mas acima de tudo amei.

Hoje respiro fundo

tranquila, serena,

pois te amei da forma mais nobre.

Sei que pra você também foi assim

e por isso a dor não faz parte da nossa vida.

Pois o nosso pensamento de missão cumprida

faz brotar em meu rosto

um sorriso de sincera felicidade.

E posso dizer que o incondicional

é infinito como o tempo,

E a sua felicidade

sempre, por toda eternidade

também será a minha.

Foi eterno enquanto durou

e essa eternidade será gravada

por todas as nossas existências.”

Sim, sua existência na minha vida

Tem um eterno significado

E uma linda missão cumprida.

Espero apenas que a minha presença

Não lhe tenha causado arrependimento,

E que a sua felicidade, que descreve

Seja pura, profunda e duradoura.

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 02/06/2009
Código do texto: T1628990
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