DAMA DA NOITE
Dizem que anda sem rumo
Vagando perdida na noite...
Estranha andarilha noturna
Dona das ruas e dos becos.
Misteriosa mulher da meia noite
Porte elegante, corpo esguio
Caminha lentamente
Sustentando altivo olhar.
Bela companheira da lua
Cúmplice das madrugadas sombrias
Guardiã da boemia
E dos trabalhadores noturnos.
Por onde passa
Deixa no ar seu perfume
O cântico de uma suave voz
Inebriando os luzidios pirilampos.
Fala mansa, dengosa
Entrecortada por longo sorriso
Que no silêncio da noite
Confunde-se como uma gargalhada.
Que mulher é esta
Bela, elegante, respeitada e temida?
Uma flor de candura
E ao mesmo tempo uma muralha
Forte, imbatível, protetora...
Ela anda, pára, sorri...
Acende a cigarrilha cuidadosamente
Contempla o firmamento estrelado
Espalhando fumaça no ar.
Olha de soslaio sorrateiramente
Vigilante, atenta, sem nada temer.
Tal qual uma sentinela noturna
Ela é movida pela coragem...
Quem é esta mulher
Forte, segura, protetora?
É a Dama da Noite
— Deusa do céu estrelado
E das noites sem luar!