Remanso
Sentada a beira do riacho, minha alma deságua, escorrendo entre as pedras, submergindo no profundo de meu ser, vagando na correnteza, levando as incertezas ao longe.
Da mata ecoa o rugido dos pássaros, o ar fresco, refrigera a mente, transmitindo paz.
Divagando entre as folhas verdes, colhendo flores silvestres, delicadamente perfumadas, germina na alma a vontade de sobrepor o amor, em cada traço, em cada gesto.
No bailar das águas, mergulho minhas emoções, ressurgindo com uma nova canção nos lábios, despida de mágoas.
A chuva chora em seus pingos, os desamores do mundo, o coração palpita selvagem sentimento.
Acendendo a chama, do querer viver, a febre do amor lateja nas veias, o espírito sopra seus anseios.
Desfaço-me em mil pedaços, submetendo ao amor por inteira, paginando cada palmo de meu ser, em um poema gritante.
Centelha flamejante do universo, liberta a emoção do peito, transvaza sensações, flutuando em outras dimensões.
Lágrimas que dos olhos passa a cair sem cessar, no infinito ao longe que não se consegue ver, riso perdido entre as estrelas, roubando sossego, doce loucura, conduzido às alturas.
Barco a navegar solitário, entre ondas calmas, porto de carícias à vista para lançar ancora.
Escrito
25.05.2006
Por Águida Hettwer