NEBLINAS
Sacode a neblina tenebrosa
que tolda o teu pensamento
varre a nuvem pardacenta
que encobre o céu do teu sorriso
tranca portas e janelas
veda as frinchas
não consintas que te habitem!
Busca as pedras
e encontra o gesto
que há-de gerar a faísca luminosa
que te devolverá a claridade
Não receies
não se queimarão na luz
tuas memórias
Desnuda-te de medos
e de raivas
e banha-te na chuva expurgadora
das tuas lágrimas
Dissiparás as névoas
e lavar-te-ás do pó da tua angústia
Não temas
não se afogarão na chuva
teus perenes sonhos
A tua mente
luminosa e lavada
será então
um prado de verdes orvalhados
e dele emergirá
nova e rubra vida
como papoila de entre cardos
(In "Geometrias Intemporais")