A mais bela canção

Nas horas se perdeu o medo

De ter de novo a mesma lembrança

De ser descoberto o segredo

De que sou tão frágil quanto uma criança

Sofro com um medo novo

Sofro até com a esperança

E na minha cabeça voa um corvo

Que aparece toda vez e sempre

Que noto o horizonte torto

Quando ouço a musica fúnebre

Que toca nos vãos do espaço

Se refazendo na minha frente

Contando os passos

E esperando o certo

Se parecer com os traços

Do errado que está mais perto

Do errado que está presente

E assim parece correto

E essa voz impertinente

Que grita e me tira a paz

Que me diz que esse presente

Não volta nunca: "nunca mais"

Me mete medo então

De não ser capaz

De domar meu futuro numa canção

De achar que não sou capaz

De seguir em frente, não:

Nunca, nunca mais...

Foi-se embora minha paz

Foi-se na mão

Então de quem é capaz

De fazer por mim a mais bela canção

Arthur Dantas
Enviado por Arthur Dantas em 31/05/2009
Código do texto: T1624591