A mais bela canção
Nas horas se perdeu o medo
De ter de novo a mesma lembrança
De ser descoberto o segredo
De que sou tão frágil quanto uma criança
Sofro com um medo novo
Sofro até com a esperança
E na minha cabeça voa um corvo
Que aparece toda vez e sempre
Que noto o horizonte torto
Quando ouço a musica fúnebre
Que toca nos vãos do espaço
Se refazendo na minha frente
Contando os passos
E esperando o certo
Se parecer com os traços
Do errado que está mais perto
Do errado que está presente
E assim parece correto
E essa voz impertinente
Que grita e me tira a paz
Que me diz que esse presente
Não volta nunca: "nunca mais"
Me mete medo então
De não ser capaz
De domar meu futuro numa canção
De achar que não sou capaz
De seguir em frente, não:
Nunca, nunca mais...
Foi-se embora minha paz
Foi-se na mão
Então de quem é capaz
De fazer por mim a mais bela canção