Refúgio

Fiz minhas malas
novamente.
Quero ausentar-me
por um tempo
das asperezas
das relações diárias,
onde não há lugar
para a ternura
e os olhares estão
carentes de maciez.

São duas apenas
as malas feitas.
Numa coloco o necessário
para me proteger
das variações do clima,
noutra vou guardar
as lembranças queridas
que são muitas e delicadas,
graças a Deus.
Mas quero bater
em retirada,
não sei se por dias,
meses ou anos.
Os desenganos
vão se acumulando
e,
se nada for feito,
a gente vira maracuja
de gaveta,
pois a tristeza
vai ficando à espreita
e pode tomar gosto
e se apossar
do coração inteiro.

Neste meu refúgio
os olhos serão
preparados para ver,
os ouvidos resgatarão
a arte da escuta
atenta e benfazeja,
as palavras,
quando proferidas,
não mais cortarão
como punhais,
causando ais
desnecessários,
adoecendo as emoções.


Quando me sentir de novo
aliviada
do peso que me vai na alma,
farei o meu feliz retorno
ao meu aconchego,
trazendo na bagagem,
além de coragem,
"a paz que eu gosto de ter".
amarilia
Enviado por amarilia em 31/05/2009
Reeditado em 31/05/2009
Código do texto: T1624520