Silêncio

Olhar apenas
e tão somente,
tentar apreender
o recôndito,
o não-dito,
o que nunca foi escrito.
Fazer a dança do corpo,
um balé suave
em que mãos e braços
volteiam
no espaço,
buscando o laço
que une,
numa fusão branda,
amena,
da cor de açucena,
que assimila outros
belos matizes
dos momentos de ternura.

O silêncio é poliglota,
mas sua linguagem
tão rica
precisa ser aprendida
por tantas pessoas,
que insistem
num falar constante,
que não se calam nunca
pra se ouvir
por um instante
que seja.

Pra saber silenciar
com classe,
é preciso formação,
investimento
na análise do ser humano
observância dos tipos
variados de comportamento,
entender da dor
e da alegria,
pra que a sabedoria
da vida
possa ir mostrando
os tons,
cada vez mais suaves,
alguns lembram até
o doce trinado
das aves,
que se comunicam
em notas musicais.

O silêncio
nunca fez tanta falta,
em tempos bicudos
de contendas
e violência.

Quem consegue escutar
sua voz interior?
Seus anseios?
Avaliar sua tristeza,
mensurar sua alegria,
sair da apatia
que o barulho incessante
faz?

Em meio a tanto estresse
social,
ouvir o silêncio
é fundamental,
mergulhar nos dialetos
do afeto,
na fusão de olhares lânguidos,
de abraços
e mãos viajando
em carícias
pode ser uma
boa alternativa
para tornar
a vida mais bonita
a a comunicação
entre as pessoas
mais eficaz e humana.
amarilia
Enviado por amarilia em 30/05/2009
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