Poeta
Poeta não mata o amor.
Quando muito, guarda
dentro do peito, da alma, da gaveta.
Tenta esconder, mas nunca mata.
Poeta é feitio de amor.
Amor que vê, sente, inventa.
E compõe poesias, sonetos, tercetos
Compõe até concertos
desmentindo, no amor, o conceito
que Poeta é fingidor.
Finge nada. Cada letra brota
sozinha. Toma forma, feitio de vida
entre linhas, entre brisas, entre cismas
quase nunca entre sofismas,
porque na verdade o que o Poeta
sente, é um amor que arrebenta
íris, peito, razão, coerência...
E o amor que o Poeta sente
aniquila corpo e mente...
Indefeso,
o Poeta não mata o amor.
Apenas sente.
Poeta, um ser semente,
apenas resplandece o amor...