NADA EM QUE PENSAR
Quando não se tem nada em que pensar,
As lembranças de tudo o que se fez na vida
Nos chegam sempre no vazio sombril
Das frias e longas noites de solidão,
E, quando se adormece aterrissa-se em sonhos
E se embriaga de ilusões, porque,
Sonhar não nos faz mal,
E a embriaguêz ilusória passa com o tempo
E a lucidez volta novamente a predominar no ego...
Se procura estar sempre lúcido
Para as coisas bém se fazer, porque,
Não se pode ludibriar ninguém
Com falsidade tétrica de ilusões oportunistas...
Que se exercite o cérebro na academia aeróbica
Do bom comportamento, para que possa, contudo,
Viver-se em paz consigo mesmo e com quem se dizer ser
Amigo do peito do amigo em si...
E aos inimigos, se fala, com a vóz do coração, que,
Mesmo de longe se os perdôa, por todo mau causado que,
Supostamente, se fez e se deixou indefeso, num beco sem saída,
E, mesmo assim, se deu a volta por cima de tudo
E se saiu ileso para se poder perdoar,
Com a sinceridade verdadeira,
Na inteligência nata do entendimento.