Palavras vivas

palavras inquietas
vibram na alma 
do poeta

quisera exaltar
a beleza do altar
onde derrama
sua paixão
pela vida

palavras comovidas
sufocam
a garganta
o poeta se espanta

no mundo doente
reter o calor
das mãos
é indiferente

há pressa
busca voraz
pelo descartável

e felicidade aparente

são tantos os cegos
para o sol poente
e a delicadeza da rosa

não veem
o próprio encanto
dentro de si
em prantos
há tesouros soterrados

palavras vivas
incandescidas
tecem casulos
paradoxais
ilusões reais

em seu interior
ardem vulcões
a derreter geleiras

palavras mensageiras
se contorcem
se misturam
          
e dormem
feito anjos
barrocos

despertam
abrem as asas
transbordam
anseios loucos

jamais preenchem
o vazio
desvario inevitável

o papel quer mais
o poeta
é insaciável.
          
          
Isabel Campos
Enviado por Isabel Campos em 30/05/2009
Reeditado em 06/02/2010
Código do texto: T1622791
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.