Sangue e Morte no ano de Marte

Ruas desertas no escuro da noite

É madrugada e sinto frio, porque faz sereno

São três da manhã e o terror noturno

Bate na porta um vento forte, que fala

E lembro de tudo, desde que era pequeno

Paro e penso no que estou vivendo.

Sangue e morte no ano de Marte

Mais uma guerra por petróleo e sem razão

A justiça pede abrigo entre o Império e o fascismo

Democracia é a desculpa desse mundo sem coração

No deserto dos seus olhos são milhões em oração.

Lágrimas que secam antes de cair no chão

A terra árida e dura como o nosso peito

Somos máquinas movidas por dinheiro

Não sei mais o que pensar, só sei o que devo,

O que quero e o que desejo está no seu beijo

É tudo tão rápido que quase me perco.

Intenso e lento, a dor que vem antes da explosão

Mas no grito de milhões, a solução

O sofrimento desse mundo é mais uma página do livro,

Uma pedra no caminho, um capítulo da História

Da humanidade, que a cada instante proclama sua vitória.

Mas o dia nasce e já está tudo bem

O sol irá se pôr e trazer outra noite também

E as horas, desse modo, correm na normalidade

E o sabor do teu beijo, o calor do teu corpo e os sonhos desfeitos

Tudo é passado, tudo é perfeito, na parede da memória

Teu retrato toma um ar mais ameno.

Não pense que tudo acabou, que a história encerrou

No drama da vida, ainda não fecharam a cortina

Não fecharam a cortina sobre nós nessa tragédia, que enceno

Aceno, então, pro futuro, espero o amanhã

Nos sonhos e na luta, na esperança de que um dia isso tudo muda.

É a hora da virada, vamos virar a mesa

O sol passa pelo teu signo e exige mudança

O meu tempo é outro que não o seu

Eu ando e o tempo passa mais veloz

E se tudo passa o tempo todo, o que será de nós?

O rio nunca é o mesmo, porque a água que por ele passa é diferente da que já passou

E se a morte é tudo o que há nessa vida

Ela também é um novo começo, a nossa carta na mesa

Rafael Rossi
Enviado por Rafael Rossi em 30/05/2009
Código do texto: T1622504