O Cavaleiro da Triste Figura
De tão cheio chego a estar vazio
De tão só, só a solidão me acompanha
Neste inferno que já é quase gelo
Nestes dias frios de verão.
Águas que de escuras não se vê o fundo
Um coração que não é raso, mas profundo, denso
E que nem em estação de seca dorme
O amargo que dá o gosto do açúcar.
O sol ainda brilha à madrugada
E eu que as dores do mundo sinto
Sinto muito por mim mesmo
Mesmo assim, assim mesmo.
Eu ando, ando, ando, ando e nunca chego
Num ponto, no ponto, naquele
A pit stop eu que não tenho direito
Vou seguindo sem saber bem por quê.
Rimas que rimar, não sei;
Notas que cantar, cantei;
A morte precoce, a loucura e as enfermidades,
Tudo o que compõe e comporá minha vida.
E eu persisto em minha cruzada
Faço da dor minha companheira
Da paixão, a minha espada
Vida, estrada que esta corta sem dar satisfação.
Mas o pôr-do-sol não é mais tão bonito,
Como era naquele céu poluído
E venho eu, um rio que corre pro meu Rio,
Buscando a felicidade de um cão no cio.