POEMA NATIMORTO

Agora

não tem mais tempo

para este poema

nascer

noite não espera

manhã não espera

tu não esperas

não tem mais tempo

O poema

está virado

de cócoras

e pressionado entre ossos

não desgruda

pegajoso

com medo

não há mais tempo

dele se compor

e andar

sobre próprias pernas

solfejo uma nênia

poema natimorto

dele lavo as mãos

um caldo escuro de palavras

uma água retinta

escorre pela louça.