O OUTRO LADO DA APARÊNCIA
... cresceste como o sentimento.
Eu, amante por envolvimento,
não percebi os teus seios cheios
nem a bunda crescida e plena,
a sem-vergonhice dessa
mulher que aparenta
apenas vinte anos.
... cresceste a cada movimento.
Eu, cúmplice do encantamento,
não notei teu semblante maduro
nem as pílulas consumidas
com vergonha de contar
da amante escondida
morada na mulher.
... cresceste a cada beijo novo.
Eu, teu cúmplice e necessário,
não vi teus fartos ombros largos
nem a cabeça cabisbaixa
quieta, sem ver olhar,
muda em timidez.
... cresceste a cada reencontro.
Eu, teu desejo e conseqüência,
sabia que crescias sem os medos
sem mais ter pudor do falar
pleno quando a nudez,
só, nos visitou...
Enquanto verde renascias
ou enquanto madura me amavas,
descobri-me quase um adolescente
na alma providencial dessa menina inesperada
que me fez sorrir mesmo encarando o amor a sério,
que me mostrou o outro lado do brilho ingênuo da estrela.
E, crescido por ti, disse:
— Amo-te por ser. Basta-me!.