O REMENDO DO ESPARADRAPO

Manhã, cara feia.

Barba por fazer,

gilete, corte!

Nada a dizer.

A não ser tentar

soprar o rosto que arde

envergonhado de sangue.

Qual um zumbi,

Juvenal deitou-se no sofá

com o envelope aberto do laudo.

Qual desesperado,

Juvenal, com de dor-de-barriga,

em disparada procura outra causa.

Qual um insatisfeito,

Juvenal não mais lê correspondência,

isola-se e nega seu endereço aos íntimos.

Com jeito de quem não mais sabe caminhar

para o próximo longe ou para o perto distante,

Juvenal tropeça no batente desconhecido dos dedos

num “puta que pariu” à procura de amigos,

e desgarra-se do mundo com cara de noticiário

temendo que seu câncer alardeasse

uma melancolia aos sete ventos.

No meio do fim do mundo,

Juvenal descobre um cartão no bolso,

avista um orelhão e liga para falar de todos os fins.

Seus esparadrapos desgrudaram do rosto da mulher distante,

e, aos prantos, percebe os estragos na alma doendo qual um câncer!.