O ASSASSINATO DAS QUATRO LUAS
A ciência matou o dom da ilusão.
Como vou explicar amanhã,
se amanhã filhos tivermos,
que em seus pais haviam dez corações
pulsando na ponta dos dedos?...
A ciência matou a minha geração.
Como vou explicar ao amanhã,
se amanhã ainda houver,
que o amor são corações saltando bocas
descompassadas, carente de peitos.
A ciência matou a sala de espera.
Como vou explicar ao amanhã,
se no amanhã o existir sobrar,
que na felicidade do pai não há mais charutos
incômodos, nem a cara de surpresa.
A ciência assassinou as quatro luas.
Como explicarei aos amanhãs,
se sobrar brilhar no amanhã,
que o céu era uma redoma cheia de estrelas
visíveis à escuridão da ciência!...