Pura verdade

Quanta verdade existe
nas palavras de quem
está triste.
Quanto de si
um bêbado revela
na aparente insensatez
etílica.
E nos momentos de raiva,
nas discussões de casais,
nos arrufos das crianças,
nas divergências no trabalho.
Quanto de verdadeiro
aparece por inteiro
nas horas más.
E isso acontece
com tanta freqüência
em razão da ausência
do diálogo aberto,
franco, constante que
a todo instante
é preterido,
adiado pra manter
uma falsa harmonia.
E quando vem a gota dágua
que faz transbordar o copo,
já não é possível
sufocar o grito,
ou o soco,
o pontapé,
os impropérios
que vão surgindo aos borbotões,
como uma enxurrada
destruidora
que força nenhuma contém.
Mas a verdade
brilha cristalina
nestes momentos de caos.
Aquele que tomou um porre
não mente
mesmo que pareça demente.
Aquele que ofende,
que magoa ,
que agride
tão à toa,
também não.
Toda manifestação de ódio
está em sintonia
com a obscuridade
do espírito,
com todas as formas
do interdito,
com todas não-palavras,
do silêncio equivocado,
das emoções não vividas.
Toda forma de violência
nada mais é
que a tradução do que
se guarda no coração
durante toda uma vida.
amarilia
Enviado por amarilia em 27/05/2009
Código do texto: T1618154