sinas
tenho teu cheiro guardado
nos cantos da casa
o gosto de tua boca
nos restos da comida
feridas
tenho as marcas dos teus dedos
espalhadas pelo corpo
meus segredos
tenho os olhos
ainda vermelhos
de tanto desconforto
morto
medos
teus olhos moram pra sempre
dentro do meu espelho
tenho fios dos teus cabelos
nos meus pesadelos
atropelos
as palavras me fogem mentirosas
inconstantes
desamantes
silenciosas
não abro mais as cortinas
quando o dia amanhece
minha alma ainda sofre
em desassossego
nao faco mais rimas
a poesia padece
sinas