O amor no meu tempo

Quanta desilusão
se faz necessária
para acalmar o coração
de uma mulher?

Quantas mentiras
devem ser digeridas
para que a calmaria
assuma o comando
da alma feminina?
E os desencontros,
as aventuras,
as prioridadades,
a falta de carinho,
o olhar fugidio,
o abraço vazio,
o tempo de estio,
de pura sequidão
no afeto.

De quanta negação
se constrói
a sanha da mulher?

Qual o tempo preciso,
em que instante
o seu entendimento
sofridamente
construído
se manifestará
de tal forma
que não mais aceitará
coisa pouca,
relações meia-boca,
desprovida de verdade
e beleza?

Ah,
o tempo!
Senhor absoluto da razão.
Cada ser humano tem
o seu,
tão próprio,
tão singular.

Aprendi a saber do meu,
a trazê-lo como aliado,
a não ver a solidão
como triste vazio,
mas como reclusão
bem-vinda,
capaz de sossegar
o espírito,
refazer os sentimentos
e dar um novo
sentido à vida.

Hoje me vejo assim:
mulher amorosa
em tempo integral,
que acredita
de verdade na emoção,
que se enrosca
num afago
sorrateiro,
manso e derretido,
mas que vai embora
quando o amor é traiçoeiro.

Já não quero convicções
em meu caminho,
prefiro as incertezas
poéticas,
as carícias
bem-intencionadas
ao que se diz "para sempre"
com valor de perjúrio.

O meu tempo é agora.
A mulher que sou
não espera o que não é,
ou alguém sem rosto.
Sou do meu cavalheiro
uma dama por inteiro,
que deseja o mesmo,
incondicionalmente.
amarilia
Enviado por amarilia em 27/05/2009
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