Abstração

Dos lábios escorrem feitiços, espargem orações

crescem-me no peito os dons, os desejos, as aflições

e as mãos em cerimônia anunciam destinos

O corpo pede tua boca, tua pele, teu desatino

Inunda-me a alma

num êxtase mágico, vulnerável

divido-me em duas: alma e ser flutuante

converto-me em magia, inominada, abstrata

torno-me a fina flor dos meus próprios sortilégios...

Flui-me a emoção e a garganta, entorpecida, silencia.

No fundo insurgem encantamentos,

os deuses içam as velas do meu destino

e, com o vento fecundo, evoco a tua aparição,

em longínquas e extremadas sensações...

Deságua-me a ilusão dos teus azuis,

todas as essências de ti...

Numa dança mágica de sentires

sobre o mar do meu coração

a tua alma, minha doce quimera,

vagueia lenta e acende-me o sol dos dias.

No ventre umedecido, deita-te, lento, feito estrela, lua, astro...

E depois,

desvanece pouco a pouco a tua forma.

Perde-se em mim...

Francis Faria
Enviado por Francis Faria em 26/05/2009
Reeditado em 11/06/2018
Código do texto: T1615447
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