NUVEM E VENTO



Sei que passo, como passam as nuvens.
Sei que mereço minha imagem distorcida.
Como as nuvens que passam,
Sou o acaso de quem me imagina,
Sou pintado com as cores que inventam.
Sou poeta e poema na boca da gente,
Sou menos que se canta, mas que se levanta
Sou do dia amigo e da noite mensageiro
Sou guarda desarmado e matador de sonhos
Sou solitário companheiro da vergonha
Sou mais do que penso que sou
Porque penso que sou prisioneiro
Sem correntes que me prendem a palavra.
Por isso sou vento de furacão
Em cada olhar um desenho
Cada desenho um enigma
Cada enigma uma certeza
Que morre quando o vento passa.
Sou tudo isso mesmo sem ser nada.
Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 23/05/2006
Reeditado em 23/05/2006
Código do texto: T161472