INIMIGAS ÍNTIMAS
As feridas do corpo e da alma
Aproximam-se sorrateiras
Aconchegam-se fagueiras
Acertam-se em fileiras
Atingem-nos certeiras
As feridas do corpo e da alma
Será que sabem entretanto
Se imaginam pelo pranto
O quanto doem portanto
Ou se nem ligam tanto
As feridas do corpo e da alma
Não nos deixam um momento
Nem lhe importam lamento
Ignoram qual o ungüento
Pra reduzir o tormento
As feridas do corpo e da alma
São amigas fiéis e do peito
Não nos dão nenhum direito
Nem tem qualquer respeito
Quando dormimos no leito
As feridas do corpo e da alma
As incuráveis inimigas íntimas