MALDITA PRIMAVERA
Matar,
Matar pelo teu cheiro.
A mais bela rosa se nutre
do lixo e dos vermes.
Oh, pequena vênus, crê-se mulher?
Mas criança és! Sim!
Sou teu carrasco, te quero.
Tens este maldito cheiro, forte.
Me engano?
No verão, brincar no teu relvado.
Correr pelo campo atrás dos sonhos que fugiram.
O cheiro...
Dê-me um mapa,
marque os trópicos.
Rabisque o portal
da catedral gótica ogival.
Precipício curvo.
Quero navegar além-mar.
Terra firme, jamais!
Soltem as amarras,
lancem as velas no espaço.
Vamos, caros comparsas,
somos fantasmas, nada tememos.
O vento dos sonhos nos leva ao Sul.
Mares quentes, loucas aventuras.
E que a lua, nossa mãe, nos faça as honras.
Vamos uivar, sofrer e morrer
ao encontro do recife de suas coxas.