PERCEPÇÃO / POÉTICA
Aquele dia eu me sentei / num cantinho abafado,
impassível, / mas um tanto aborrecida.
olhando as imagens de minha vida / com o coração apertado.
tudo parecia tão sem significado / E via distraída
os dias, as horas, os passos / e o vazio... Como se assim,
as coisas erradas /seriam de mim apagadas. Sem razão
(sem justificativas), / apenas dando um fim
as palavras ocas / desprovidas de esperança.
os olhares vazios / cada vez mais me desiludindo...
vi a impossibilidade / de qualquer mudança,
diante de tantos momentos / sobrevindo,
quando minha voz calou-se / em cruel lança
no misturar de pensamentos / que vinham me diminuindo.
procurei meu controle remoto / querendo retornar.
e percebi não estar ali / um elemento capaz,
o botão para retroceder / ações, e palavras mudar.
e que em nossa vida / por mais que se seja audaz,
não existe o "backword" <<<<<< / o recuar, voltar atrás.
mas somente o "forward" >>>>>> / para adiante.
não podemos com um click / simples, casual
voltar a lugar algum / edificante,
consertar momentos / e coisa e tal,
ou remendar palavras ditas / numa hora de rompante.
percebi com tristeza / que o tempo não volta mais.
que eu poderia ter feito / as coisas bem melhores.
tudo diferente do que fiz / (pra não me igualar aos meus pais).
mas vi também que através / desses instantes de dores e suores,
da percepção dos meus erros, / ou de algum acerto,
eu pude aprender / em seus arredores
a "quase" ser feliz / rabiscando versos, onde tudo inverto...
Mary Fioratti / Tânia Regina Voigt