PERCEPÇÃO / POÉTICA

Aquele dia eu me sentei / num cantinho abafado,

impassível, / mas um tanto aborrecida.

olhando as imagens de minha vida / com o coração apertado.

tudo parecia tão sem significado / E via distraída

os dias, as horas, os passos / e o vazio... Como se assim,

as coisas erradas /seriam de mim apagadas. Sem razão

(sem justificativas), / apenas dando um fim

as palavras ocas / desprovidas de esperança.

os olhares vazios / cada vez mais me desiludindo...

vi a impossibilidade / de qualquer mudança,

diante de tantos momentos / sobrevindo,

quando minha voz calou-se / em cruel lança

no misturar de pensamentos / que vinham me diminuindo.

procurei meu controle remoto / querendo retornar.

e percebi não estar ali / um elemento capaz,

o botão para retroceder / ações, e palavras mudar.

e que em nossa vida / por mais que se seja audaz,

não existe o "backword" <<<<<< / o recuar, voltar atrás.

mas somente o "forward" >>>>>> / para adiante.

não podemos com um click / simples, casual

voltar a lugar algum / edificante,

consertar momentos / e coisa e tal,

ou remendar palavras ditas / numa hora de rompante.

percebi com tristeza / que o tempo não volta mais.

que eu poderia ter feito / as coisas bem melhores.

tudo diferente do que fiz / (pra não me igualar aos meus pais).

mas vi também que através / desses instantes de dores e suores,

da percepção dos meus erros, / ou de algum acerto,

eu pude aprender / em seus arredores

a "quase" ser feliz / rabiscando versos, onde tudo inverto...

Mary Fioratti / Tânia Regina Voigt

Tânia Regina Voigt
Enviado por Tânia Regina Voigt em 25/05/2009
Reeditado em 05/04/2015
Código do texto: T1613056
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